Évora

Na cidade de Évora, o centro é todo murado, pois era fortificado na Idade Média, então tem-se uma cidade moderna com uma muralha medieval no dentro dela. Entramos na cidade antiga atrás de um hotel ou residencial, havia alguns no guia, próximos a Praça do Giraldo, mas não a encontrávamos, paramos em um café para perguntar, e aproveitei para tomar uma cerveja, pois o stress da viagem já batia forte, estávamos perto, mas ao tentar chegar seguindo a explicação do atendente do café acabamos saindo da cidade velha, algumas voltas depois, a encontramos finalmente.

 
Havia um hotel e o Residencial Diana, de uma senhora a Lourdes, de oitenta e tantos anos, optamos por este que tinha um aspecto muito antigo, como a proprietária, não serviam pequeno almoço nem havia internet, mas por 35 euros estava bom demais. Ela e uma portuguesa que estava hospedada também, nos recomendaram um restaurante bem ao lado do residencial, entre este e a praça do Giraldo o Mr. Pickwik, apesar do nome inglês, era típico português, e não aceitava cartão, comi um delicioso Carril de Mariscos, que é como chamam o  curry indiano, carril, e Tânia comeu um Bacalhau ao forno, redundante, mas irresistível,


uma curiosidade do local, que depois veria em vários outros locais de Évora, são os tetos curvos das salas, esse era de tijolos, havia vários de tipos diferentes, mas todos curvos, abobadados como os de igreja, oferecem maior resistência ao próprio peso que os planos. Depois do jantar, ainda demos uma volta pelos bares da praça, em um deles, iria rolar um jazz convidativo, em uma espécie de clube, no qual, quem não é sócio, paga pra entrar, coisa normal, de 3 a 5 euros, mas o cansaço falava mais alto e acabamos indo dormir.
 

No outro dia pela manhã acordamos já resolvidos a ficar um dia a mais nesta cidade, não daria para conhecer tudo aquilo em uma só manhã, então tomamos um pequeno almoço, na praça do Giraldo, nos cafés com mesas espalhadas pela praça, local muito agradável, por onde passavam turistas, locais, vendedores, e até um casamento fazendo fotos ao lado da fonte.


Depois do café, vamos aos passeios para conhecer a cidade, queríamos conhecer o Templo de Diana, do qual muitos haviam falado, mas seguimos o caminho do Circuito Medieval, que nos levou por muitos arcos, aquedutos, casinhas apertadas em ruelas estreitas, de um tempo que jamais imaginavam que existiriam automóveis, construções que se somam nos séculos, juntando estilos e texturas de materiais os mais diversos.


 
Até uma grande praça na beira de uma igreja onde uma senhora, a Conceição, estava na soleira de uma porta muito florida, com vários vasos pendurados por cima, e ela toda orgulhosa que havia ganhado o concurso de fachadas que haviam promovido no ano anterior!


Ali perto havia a porta velha, um local por onde se saía da cidade, nos tempos medievais e hoje se acessa a parte nova da cidade, por esse caminho também se passa por muitas igrejas e a universidade de Évora, com um belo Átrio, umas caminhadas a mais e talvez um pouco perdidos, terminamos o circuito medieval já no meio da tarde e até então nada do Templo de Diana, então voltamos a Praça do Giraldo e descobrimos que o Templo estava a poucas quadras acima.



Era impressionante o tamanho, colunas de pedras empilhadas, que sempre me trazem a pergunta, de como é que conseguiam fazer este tipo de coisa naqueles tempos, haja escravos, o ser humano deve ter sofrido muito em sua história, para conseguir construí-la.
Descemos a praça novamente em direção ao mercado, onde compramos queijo e vinho, e o vendedor explicou o motivo do nome porco preto, um prato local, é o porco selvagem que não come ração e tem as patas negras, como o espanhol.
Depois fomos a uma igreja que tem um porão soturno demais, com todas as paredes forradas de ossos e crânios de cadáveres humanos, coisas de monges medievais que ainda colocaram uma inscrição: "Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos" depois desse mergulho em um cemitério de tumbas abertas, voltamos ao espaço aberto do Templo de Diana, para curtir um fim de tarde com a lua nascendo.


Um relax no residencial Diana, com direito a vinho, queijo e livros da "Biblioteca de D. Lourdes" e saímos para jantar em um pequeno restaurante que havíamos visto pela manhã. Depois de uma boa procura, pois as ruas são todas parecidas e para lembrar de uma caminho feito horas antes, parece fácil até que o tente fazê-lo, encontramos o pequeno restaurante, que estava repleto com apenas uma mesa lotada, com toda uma família dos avós aos netos comemorando um aniversário, programa familiar, coisa típica de portugueses. O proprietário nos arrumou uma pequena mesa e foi divertido estar ali a comer em meio de uma festa familiar, parecíamos intrusos por um lado, mas observar aquela gente foi uma experiência interessante. Pós jantar, descansamos no residencial um pouco mais e fomos ver o show de um cantor de Cabo Verde, chamado Lulas, no Centro Cultural Celeiros, demorou um pouco para começar, mas a espera valeu, além do Lulas cantar muito bem, coisas Caboverdianas, sobre Pasárgadas e outras histórias, o público, jovem estudantes era bom de se observar, relembrando pessoas e histórias de nossas próprias vidas.

Guadiana

Nos alojamos no Residencial Princesa do Gilão e voltamos à rua paralela para comer no pequeno restaurante que havia, que parecia bem típico, com portugueses à mesa, realmente o era, mas estava cheio de turistas alemãs também, comemos um bom bacalhau já redundando enormemente o cardápio. A garçonete estava revoltada com a situação política do país, pois haviam cortado a pensão dos aposentados e o auxílio família deles, a crise estava pegando de jeito o povo, mas a abstenção nas eleições foram enormes e o voto não é obrigatório. Nintendi...
No outro dia pela manhã, um pequeno almoço no próprio residencial, e fui correndo ver o tíquete do carro, pois já estava vencendo, geralmente válido por duas horas. O rio em frente pela manhã se mostrou muito belo, com pontes de arcos medievais, e muitas aves tipo gaivotas, e o mar estava a alguns quilómetros dali. 


Em frente ao residencial do outro lado do rio, há uma grande praça com um café e mesas ao ar livre muito simpático, e subindo a colina à direita mais um sobe castelo, um Mourisco, e duas  igrejas, e uma antiga caixa d'agua que foi transformada em observatório da cidade, com projeção de imagens captadas em tempo real, no fundo do reservatório, não entramos, pois demorava um pouco pra começar e tínhamos de continuar nossa viagem pelo Algarve.
Fomos indo em direção à Espanha e passamos pela cidade de fronteira, Vila Nova de Santo Antônio, que é a foz do Guadiana, o rio que fica na fronteira, a cidade não tem muitos atrativos turísticos, e a 
foz junto ao mar não conseguimos chegar até ela. 


Então subimos para Castro Marim, que era a porta de entrada para a Mourisca AlGharb, onde tem um Castelo Mourisco para visitação e lá vamos nós para mais um sobe castelo. Em frente a este tem uma igreja abandonada, a cidade nos tempos medievais era muito procurada por quem fugia da inquisição. De cima do castelo se via uma ponte sobre o rio Guadiana que liga Portugal a Espanha, e uma cidadela espanhola toda branca, muy hermosa... avistamos vários cataventos de energia eólica, nos dois países. Depois fiquei sabendo que Portugal está muito avançado em energias alternativas, bom sinal.  Também se vê inúmeras lagoas que parecem piscinas que são para extração de sal, atividade que se faz na região desde a idade média. 


Em frente tem um forte do exército português, que parece um castelo, onde uma garotada estava a tocar tambores, mas sem ritmo algum,  descendo provei umas azeitonas direto da oliveira, que era brava, como havia nos explicado um senhor que trabalhava lá, o sabor era realmente bravo e me deixou a língua picando e roxa por horas. Dali subimos contornando o Guadiana que tem vistas incríveis, e vários castelos de ambos os lados, espanhol e português. 

 

A estrada vai serpenteando ao lado do rio onde se vê varias cidadelas medievais de ambos os lados, uma delas portuguesa, me foi especialmente simpática, Alcotim, pelo nome se deduz que era Moura, pois começa com "Al" e está a beira do Guadiana com um porto cheio de barcos ancorados à espera do verão. Um pouco antes, passamos por uma vila menor ainda em que umas pessoas idosas estavam sentadas à beira da estrada em afazeres de seus cotidianos, limpando frutas e legumes e um senhor tecendo redes.
Dali continuamos a subir o Guadiana até Mértola, a estrada ao chegar na cidade, tem um caminho de mão única, os carros tem de parar e esperar se vem algum outro na contra mão.


Mértola tem mais um belo castelo, que não podia subir, somente até sua porta que dava uma bela visão da cidade e em seus arredores ao lado, há ruínas romanas com mosaicos muito antigos, inclusive um de São Jorge, lutando contra uma quimera de duas cabeças com sua lança, considerado um dos mais antigos que há.
Ficamos na dúvida de ficar por alí ou não, mas com a cidade oferecia poucos atrativos além destes arqueológicos, resolvemos partir para Évora. Essa foi uma grande rodada, pois as cidades são distantes, no caminho havia Beja, que gostaríamos de visitar, mas achamos melhor ir direto, anoiteceu na estrada, precisamos pedir informação em um posto de gasolina, que lá funciona sem frentistas, você que abastece, com a crise que estão passando e a falta de  postos de trabalho, penso que esta não é uma boa ideia, pois os donos dos postos não estão sentindo muito a crise, obviamente, e cortando funcionários ganham mais, mas isto é outra história; a garota do caixa que nos deu a informação para Évora, foi muito simpática, e ao agradecermos ela comentou: Vá que te mando para o Marrocos! Humor sarcástico, mas tudo bem, acertamos o caminho e chegamos em Évora cansados, à noite e a cidade é maior do que as outras que até então tínhamos estado.

Devagar é mais gostoso

A saga continua e ainda está apenas no começo. Nosso Fiat Punto alugado em Lisboa ainda irá percorrer muito chão. A demora em conseguirmos atualizar o blog se deve a muitos fatores: correria mesmo da viagem dormindo cada dia em uma cidade, falta de internet disponível em muitos hotéis e residenciais onde dormimos, tempo livre pra editar, tratar, identificar fotos, idem para os vídeos(que estão ficando cada vez melhor). Mas como tudo que é bom e que inevitavelmente acaba, o melhor é ir curtindo “divagarsim” mesmo, como quem se alonga no espreguiçar ou nas páginas de um bom livro. Garanto que estamos nos empenhando para que este experimento seja o mais coletivo possível, para que todos possam provar conosco cada nova cidade, azeitona, vinho, sorriso, paisagem, surpresa, decepção, alegria. Adianto que sair do Algarve foi uma tarefa difícil, não por termos nos perdido pelas estradas portuguesas(ainda não foi este o momento), mas porque foi um amor a primeira vista, uma paquera rápida seguida de uma paixão violenta. Mas sabíamos que outros “casos” nos esperavam pelo caminho.


E  foi seguindo que encontramos novamente com o Alentejo, desta vez em seu lado oeste, margeando o Rio Guadiana, que faz fronteira com a Espanha. Em Castro Marim é que oficialmente começamos nossa sina “sobe castelo”. Não que este tenha sido o primeiro forte ou castelo que subimos nesta viagem, mas foi a partir daí e principalmente nesta parte fronteiriça com a Espanha é que encontramos todos os tipos, tamanhos, desenhos de castelos e fortificações de origens diversas (moura, romana, portuguesas). Como quem acorda e vai fazer sua caminhada para começar bem o dia, subíamos “nossos” castelos. Não tenho a conta de quantos foram mas garanto que alguns milhares de degraus passaram por debaixo de nossas solas. No começo curtimos esta nova descoberta como um menino diante de seu primeiro brinquedo, mas confesso que ao final da jornada, poucas foram as torres que mereceram minha presença, apesar de quase sempre oferecerem as mais lindas vistas das cidades e seus arredores. Mas é que subir castelo cansa, gente. E muito... Por sorte até este momento da viagem fomos agraciados com ótimo tempo. Apesar de ser inverno as temperaturas raramente baixaram de 10 ou 12 graus e as chuvas foram esporádicas. A vista constante da Espanha ao outro lado do rio, que para os antepassados era sempre uma ameaça, para nós era um prazer, quase que perverso, soava um pouco como traição. Atravessar aquelas fronteiras passava sempre por nossos pensamentos, mas sabíamos que não seria desta vez. Em Alcoutim chegamos bem perto da “rival”, onde avistamos fortificações de igual porte do outro lado, ou seja, esta paquera ibérica era antiga, turbulenta, mas cheia de lindas paisagens.


 Quando na estrada vimos a cidade de Mértola, uma fortificação enorme alcançada por uma ponte romana, em arcos, Joaquim avistou a primeira Oliveira(sim, a árvore das azeitonas). Outra paixão `a primeira vista... Procurávamos a tal árvore das azeitonas há dias e só agora tínhamos a certeza que ali estava a nossa musa inspiradora.



Paramos o carro no atropelo da ansiedade e só depois de certificar que eu estava com a câmera em riste e pronta pra documentar a primeira prova de tal apetitoso fruto é que o gajo pousou, diretamente do pé, o fruto desejado em sua boca. ARCHHHHHH, ARRQUI...... EEEECA!!! O resultado é indescritível. De bocas negras saíram grunhidos de asco e cusparadas que eu até então nunca tinha presenciado. Eu mal consegui fotografar de tanta risada que dava. A decepção e frustração de Joca foi tão comovente que entramos na linda cidade de Mértola ainda calados.


Pena... Fora mais cedo e com uma recepção um pouco melhor, teríamos ficado e dormido nesta cidade. Gostaria de ter passado uma noite neste sítio que me encantou não só por sua arquitetura, seus castelos, suas ruelas, mas pelo cuidado de seu cemitério. Pode parecer estranho, mas acredito que uma cidade pode ser muito bem avaliada pelo cuidado que se tem com seus mortos.  E o pequeno cemitério de Mértola ao lado de seu imponente castelo, transmitia paz, leveza, delicadeza e respeito. Saí dali mais leve e com a noite chegamos em Évora.

PS: No link de “Últimas Fotos” (na coluna ao lado) temos novas fotos. ALGARVE E COSTA ALENTEJANA. Divirtam-se e Experimentem!

Lagos à Tavira

Chegamos a Lagos no dia 09 já a noite, pra variar o mesmo corre corre atrás de hospedagem, fomos para um hotel na beira da praia, em frente a Marina de Lagos, era um bom local, mas um pouco caro, perguntamos sobre a pensão Marina Rio, que o guia citava e a recepcionista nos disse que era no centro, voltando um pouco pela avenida da praia, mas que havia outros por lá. 
Voltamos com o carro e parar por alí era bem complicado, entramos em uma rua de pedestres de cidade antiga, e paramos o carro em uma vaga de carga e descarga, em frente a um simpático restaurante, subimos pela rua de pedestres e achamos uma boa pensão, a Mar Azul, a 30 euros o quarto com pequeno almoço, e sem internet, ficamos por alí mesmo, fomos buscar as cousas no carro, aproveitando para comer Mariscos a Bulhão Pato, no restaurante em frente. Voltando ao hotel, arrumações nescessárias e Rui, o gerente nos sugere dois restaurantes para o jantar, o Marina na praia que havíamos visto, uma grande churrascaria, e um pequeno restaurante na parte histórica, típico portugues, optamos pelo segundo onde comemos bacalhau já quase com a casa fechando, e passava na tv o jogo de portugal e argentina.
Após o jantar breve passeio pelas ruas históricas de Lagos cidade do século oito, palco de inúmeras façanhas náuticas dos portugueses, e local do primeiro mercado de escravos da Europa.
No outro dia de manhã pequeno almoço na pensão, e saí pra colocar tíquete no estacionamento de rua, lá tinha-se de comprar o tíquete nessas máquinas automáticas e colocar à vista no carro, como em todo Portugal, percebi depois. No caminho havia um gajo vendendo berbigões, espécie de marisco, a cinco euros dois sacos médios, vendia bem e não falava aonde os tinha pescado, pois assim entregaria o ouro aos clientes, mas quero ver quem é que teria coragem de mergulhar naquela agua gelada as oito da manhã, para catar mariscos, que é o que ele tinha feito.
 
 
Enquanto estava por alí, Tania veio do hotel, aí fomos caminhar e conhecer a cidade melhor durante o dia, passamos por arcos mouros ou romanos não sei, mas bem antigos, e muitos prédios azulejados, vimos o mercado de escravos e um castelo que fica à beira mar com o monumento de Gil Eanes ao lado, na frente disto tudo a uma outra fortaleza, com um clube náutico ao lado, ficamos um pouco fazendo fotos por alí, uma barreira de pedra protege o clube do mar e cria uma passarela boa de se caminhar.
 
 
 
Voltamos ao hotel para retirar as coisas e preparar partida, mas comemos umas lulas em um café para se despedir de tão simpática cidade, muito boa pra esportes náuticos, no verão parece que fica lotada, nos meses de maio e junho deve estar já calor e não ser tão caro como a partir de julho.
 
 
Saímos de Lagos passando pela Praia de Alvor e Portimão, já no Mediterraneo, altas falésias com muitos pássaros que dava para chegar muito perto deles, ao lado da praia, condomínios luxuosos de gosto duvidoso, aquela coisa meio guarujá ou barra da tijuca, gente com grana e mau gosto tem para todo lado. Mas no centro de Portimão muito bonito por sinal, há uma parte histórica e uma praça com azulejos contando várias passagens, inclusive algumas do achamento do Brasil, patrocinado por empresas atuais, e um grande centro cultural pra cima da praça, onde havia uma exposição das fotos do filme de Saramago, que tinha passado dias antes.
 
 
De Portimão fomos para Silves e praticamos o primeiro sobe castelo da viagem, é impressionante o visual e as pequenas escadas que tem de se subir, em dias de chuva deve ser complicado, e na época de guerras os gajos deviam ser bom equilibristas; este em especial havia sido ocupado por mouros que construíram uma grande cisterna que se pode visitar.
 
 
Depois de Silves passamos por Loulé já no fim da tarde, onde há um mercado mouro que já estava fechado, compramos vinho, pão e queijo de cabra da região da serra da estrela, que é um espetáculo dos acepipes lusitanos, para abrir o vinho rodamos um tempão até achar um saca-rolhas para comprar, pois em uma viagem por Portugal é um artigo obrigatório na bagagem.
 
Já a noite fomos para Tavira, bela cidade à beira do Rio Gilão, onde um bombeiro, que é voluntário em todo o Portugal, nos levou até uma possível pensão, mas que estava fechada por ser baixa temporada, a do lado tanbem fechada e só o Residencial Princesa do Gilão, ao lado do rio estava aberto, o que acabou sendo ótima opção, com o belo rio à nossa janela.

O 1º Fim do Mundo

     09 de Fevereiro ainda e Porto Covo, acordamos pela manhã, e depois de um café, agua pedras salgadas com tosta mista na pastelaria ao lado do Zé Ignacio, fomos ver sol que brilhava por sobre as praias, belíssimas, com suas altas falésias sobre um mar bravo que castigava as pedras,


caminhamos bastante pelas praias e fizemos muitas fotos, e fomos conferir a vila histórica, as casinhas brancas e azuis à luz do sol, que eram poucas e muito bonitas, gatos e velhos gastavam a manhã sob o sol quente daquele dia frio em uma praça pequena. Mais a frente um curioso mercado onde vendiam legumes, frutas e peixes, a vendedora deu explicações sobre uma couve que parece repolho, couvecoração mas é o centro de nossa couve comum, que forma uma bola, havia uma destas no polvo de ontem. 


Voltamos ao Zé, que estava na recepçao, um simpático senhor português de seus setenta anos, nos contou um pouco sobre a geografia do lugar, mais ao sul a Ilha do pessegueiro, que é muito visitada em passeios de barco e as praias da região. Fomos ao sul então por estradas pequenas e curvas, passamos por Vila Nova de Milfontes onde tem uma fortaleza antiga e casas brancas mais modernas, ao lado de um longo estuário de um rio que desenboca ali, o Rio Mira, 


Almograve com suas falésias basálticas de cor escura formando impressionantes formações rochosas, onde haviam vários ninhos de cegonhas. Cabo Sardão onde tem um farol pequeno sobre uma rosa dos ventos, e uma vila de casas brancas e mais falésias altas sobre o mar, e Zambujeira do Mar, simpática cidade pequena com flores amarelas e casas brancas. 
 

Dali pegamos a N120 estrada mais rápida pra descer ao Algarve, antes da divisa comemos um pão de chouriço em um bar de estrada, onde curiosamente os frequentadores falavam sobre o Brasil e os Açores, não entendemos a coincidência e seguimos, passando por Aljezur e o Parque Eólico da Lagoa Funda, com muitos cataventos de energia eólica, como grandes moinhos de vento, se Don Quichote passasse hoje pelos campos de Portugal e Espanha, enlouqueceria com tantos dragões para lutar!
 

Depois da Vila do Bispo chegamos a Sagres, de onde se observa o Cabo de São Vicente à direita, Norte e outra grande falésia ao sul formando espécie de baía em Sagres, o local é impressionante, outrora chamado de fim do mundo, onde D. Infante Henrique construiu a Escola de Sagres, e Gil Eanes partiu para passar o Cabo Bojador, atingindo a Africa SubSaariana, dando início as grandes navegações dos Seculos XIV e XV. Hoje no local há uma espécie de parque dentro das fortalezas da escola, com uma rosa dos ventos que estava oculta até 1919, é um passeio incrível, há locais onde o vento passa por sob as rochas fazendo barulhos fenomenais, belo passeio pelo ponto mais ocidental e sul da europa, onde passamos as últimas horas destas tarde de frio, antes de rumar a Lagos.

Momento Fixe *

Lagos, talvez a mais importante cidade do leste do Algarve, foi uma cidade marcante nesta nossa pequena jornada. Claro que o peso dos adjetivos em toda viagem vai depender de inúmeras variáveis onde o peso do subjetivo pode ser maior ou menor dependendo do momento e do escrevedor. Mas pormenores de lado, chegar nesta bela cidade depois de atravessar o litoral Alentejano de comparável beleza natural, mas sem o charme das ruelas históricas que viram conquistas mas que também foi o primeiro mercado de escravos da Europa, foi o primeiro respiro mediterrâneo e o suspiro consequente não deixava dúvida de que estávamos no lugar certo. E que delícia! Um daqueles momentos onde tudo dá certo, o céu é azul, o melhor restaurante surge como um garçom de bandeja `a mão e a mais simpática das hospedagens te abre a porta sorrindo com seu sotaque brasileiro. Pois é... Foi bem assim. Mas como tudo que é bom dura pouco, partimos no dia seguinte, em uma direção traçada em dois minutos pelo gentil funcionário do "Informações Turísticas". Outro momento especial onde a empatia mútua e o reconhecimento do nosso perfil viageiro foi captado em segundos pelo atendente(que me perdoe muitíssimo não lembrar o nome) e que traçou uma rota que foi uma das meninas dos olhos desta viagem.  Silves, Loulé e seu mercado mouro, Tavira, margeando o rio Guadiana, que faz a fronteira entre Portugal e Espanha,  Castro Morim e Alcotim. Pois é... constato agora que na verdade nem tudo que é bom dura sempre pouco, pode se alongar um pouquinho mais, ou dar apenas uma pequena pausa e ir ficando um bom diferente, mais para melhorsinho, ou para simpatiquinho... enfim, adjetivos `a parte o que ficou foi a bela imagem do sujeito: ALGARVE.

* na gíria lusa: legal, massa, du carai, bom demais...






Rever Portugal, Vá Pra Fora Cá Dentro!

Terça feira, 8 de fevereiro hora de deixar Lisboa e conhecer Portugal, "Rever Portugal, vá pra fora cá dentro", acordamos no hotel, a última nadada da pequena piscina aquecida, que era ao lado do nosso quarto, no 9º andar, ao meio dia tinhamos de deixar o hotel, e o carro alugado estaria na frente à nossa disposição, arrumamos as coisas que eram muitas, descemos à recepção para o checkout, e o cara da locadora de carro nos esperava em uma mesa ao lado, burocracias de praxe, taxas a mais para seguro, documentos e tudo acertado. Vamos embora, mas pra onde?
 Queríamos descer pelo Alentejo sul e chegar ao Algarve em um ou dois dias, mas precisávamos comprar algumas coisas tanbem, e fomos a Almada região de Setúbal, na Declathon, loja de artigos esportivos muito boa e barata, comprei um par de tenis para caminhada, pois estava somente com um sapato e mais uma porção de coisas inúteis à viagem, como pedais para minha bicleta no rio, mas isso é uma outra história.
Saímos da Almada que ainda é região da grande Lisboa, rumo a Sines, cidade que nos parecia simpática à beira mar, no caminho várias árvores de cortiça, o sobreiro, com seus caules
vermelhos nús, de onde se tirou a casca, que é a cortiça.

 
Chegamos a Sines, já no fim da tarde, uma grande região industrial ao norte, que depois viemos a saber ser uma refinaria de petróleo, a única de Portugal, no centro praias que pareciam bonitas, à noite, os hotéis e pousadas, todos lotados, por causa dos trabalhadores da refinaria, em sua maioria espanhóis, segundo os recpcionistas dos hotéis, tem por lá tanbém a casa onde nasceu Vasco da Gama, que acabamos não visitando por causa da correria de encontrar um lugar para dormir, havia vaga em uma única pousada, mas que era num local central, sem muito charme, mas o recepcionista muito solícito, ligou para Porto Covo, uma cidade mais ao sul, uns dez km, e constatou que havia uma vaga em um hotel lá, fomos correndo descendo para essa cidade um pouco contrariados, pois queríamos ficar em Sines. 


          Chegando a Porto Covo, um minúsculo vilarejo, com um centro histórico de casas azuis e brancas ao lado de uma praia de falésias, a tal da vaga no hotel já havia sido preenchida e não havia outra, mas a recepcionista nos indicou um residencial no centro histórico em cima de um restaurante, do Zé Ignacio, chegando lá, que surpresa, muito mais acolhedor, um pequeno restaurante, entre o centro histórico e o mar, com poucos quartos em cima, nos acomodamos no quarto, e fomos ao restaurante onde Tania comeu um polvo à lagareira que estava maravilhoso e eu uma açorda de bacalhau, que estava muito boa tanbem, 

 
açorda é uma sopa de pão, mergulhado no caldo de peixe com pedaços do peixe, no caso bacalhau e um ovo, típico prato da região, havia muitos turistas alemães e rapidamente foram todos embora, fomos dormir tanbém, para no outro dia ver as praias pela manhã.