Devagar é mais gostoso

A saga continua e ainda está apenas no começo. Nosso Fiat Punto alugado em Lisboa ainda irá percorrer muito chão. A demora em conseguirmos atualizar o blog se deve a muitos fatores: correria mesmo da viagem dormindo cada dia em uma cidade, falta de internet disponível em muitos hotéis e residenciais onde dormimos, tempo livre pra editar, tratar, identificar fotos, idem para os vídeos(que estão ficando cada vez melhor). Mas como tudo que é bom e que inevitavelmente acaba, o melhor é ir curtindo “divagarsim” mesmo, como quem se alonga no espreguiçar ou nas páginas de um bom livro. Garanto que estamos nos empenhando para que este experimento seja o mais coletivo possível, para que todos possam provar conosco cada nova cidade, azeitona, vinho, sorriso, paisagem, surpresa, decepção, alegria. Adianto que sair do Algarve foi uma tarefa difícil, não por termos nos perdido pelas estradas portuguesas(ainda não foi este o momento), mas porque foi um amor a primeira vista, uma paquera rápida seguida de uma paixão violenta. Mas sabíamos que outros “casos” nos esperavam pelo caminho.


E  foi seguindo que encontramos novamente com o Alentejo, desta vez em seu lado oeste, margeando o Rio Guadiana, que faz fronteira com a Espanha. Em Castro Marim é que oficialmente começamos nossa sina “sobe castelo”. Não que este tenha sido o primeiro forte ou castelo que subimos nesta viagem, mas foi a partir daí e principalmente nesta parte fronteiriça com a Espanha é que encontramos todos os tipos, tamanhos, desenhos de castelos e fortificações de origens diversas (moura, romana, portuguesas). Como quem acorda e vai fazer sua caminhada para começar bem o dia, subíamos “nossos” castelos. Não tenho a conta de quantos foram mas garanto que alguns milhares de degraus passaram por debaixo de nossas solas. No começo curtimos esta nova descoberta como um menino diante de seu primeiro brinquedo, mas confesso que ao final da jornada, poucas foram as torres que mereceram minha presença, apesar de quase sempre oferecerem as mais lindas vistas das cidades e seus arredores. Mas é que subir castelo cansa, gente. E muito... Por sorte até este momento da viagem fomos agraciados com ótimo tempo. Apesar de ser inverno as temperaturas raramente baixaram de 10 ou 12 graus e as chuvas foram esporádicas. A vista constante da Espanha ao outro lado do rio, que para os antepassados era sempre uma ameaça, para nós era um prazer, quase que perverso, soava um pouco como traição. Atravessar aquelas fronteiras passava sempre por nossos pensamentos, mas sabíamos que não seria desta vez. Em Alcoutim chegamos bem perto da “rival”, onde avistamos fortificações de igual porte do outro lado, ou seja, esta paquera ibérica era antiga, turbulenta, mas cheia de lindas paisagens.


 Quando na estrada vimos a cidade de Mértola, uma fortificação enorme alcançada por uma ponte romana, em arcos, Joaquim avistou a primeira Oliveira(sim, a árvore das azeitonas). Outra paixão `a primeira vista... Procurávamos a tal árvore das azeitonas há dias e só agora tínhamos a certeza que ali estava a nossa musa inspiradora.



Paramos o carro no atropelo da ansiedade e só depois de certificar que eu estava com a câmera em riste e pronta pra documentar a primeira prova de tal apetitoso fruto é que o gajo pousou, diretamente do pé, o fruto desejado em sua boca. ARCHHHHHH, ARRQUI...... EEEECA!!! O resultado é indescritível. De bocas negras saíram grunhidos de asco e cusparadas que eu até então nunca tinha presenciado. Eu mal consegui fotografar de tanta risada que dava. A decepção e frustração de Joca foi tão comovente que entramos na linda cidade de Mértola ainda calados.


Pena... Fora mais cedo e com uma recepção um pouco melhor, teríamos ficado e dormido nesta cidade. Gostaria de ter passado uma noite neste sítio que me encantou não só por sua arquitetura, seus castelos, suas ruelas, mas pelo cuidado de seu cemitério. Pode parecer estranho, mas acredito que uma cidade pode ser muito bem avaliada pelo cuidado que se tem com seus mortos.  E o pequeno cemitério de Mértola ao lado de seu imponente castelo, transmitia paz, leveza, delicadeza e respeito. Saí dali mais leve e com a noite chegamos em Évora.

PS: No link de “Últimas Fotos” (na coluna ao lado) temos novas fotos. ALGARVE E COSTA ALENTEJANA. Divirtam-se e Experimentem!

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