Guadiana

Nos alojamos no Residencial Princesa do Gilão e voltamos à rua paralela para comer no pequeno restaurante que havia, que parecia bem típico, com portugueses à mesa, realmente o era, mas estava cheio de turistas alemãs também, comemos um bom bacalhau já redundando enormemente o cardápio. A garçonete estava revoltada com a situação política do país, pois haviam cortado a pensão dos aposentados e o auxílio família deles, a crise estava pegando de jeito o povo, mas a abstenção nas eleições foram enormes e o voto não é obrigatório. Nintendi...
No outro dia pela manhã, um pequeno almoço no próprio residencial, e fui correndo ver o tíquete do carro, pois já estava vencendo, geralmente válido por duas horas. O rio em frente pela manhã se mostrou muito belo, com pontes de arcos medievais, e muitas aves tipo gaivotas, e o mar estava a alguns quilómetros dali. 


Em frente ao residencial do outro lado do rio, há uma grande praça com um café e mesas ao ar livre muito simpático, e subindo a colina à direita mais um sobe castelo, um Mourisco, e duas  igrejas, e uma antiga caixa d'agua que foi transformada em observatório da cidade, com projeção de imagens captadas em tempo real, no fundo do reservatório, não entramos, pois demorava um pouco pra começar e tínhamos de continuar nossa viagem pelo Algarve.
Fomos indo em direção à Espanha e passamos pela cidade de fronteira, Vila Nova de Santo Antônio, que é a foz do Guadiana, o rio que fica na fronteira, a cidade não tem muitos atrativos turísticos, e a 
foz junto ao mar não conseguimos chegar até ela. 


Então subimos para Castro Marim, que era a porta de entrada para a Mourisca AlGharb, onde tem um Castelo Mourisco para visitação e lá vamos nós para mais um sobe castelo. Em frente a este tem uma igreja abandonada, a cidade nos tempos medievais era muito procurada por quem fugia da inquisição. De cima do castelo se via uma ponte sobre o rio Guadiana que liga Portugal a Espanha, e uma cidadela espanhola toda branca, muy hermosa... avistamos vários cataventos de energia eólica, nos dois países. Depois fiquei sabendo que Portugal está muito avançado em energias alternativas, bom sinal.  Também se vê inúmeras lagoas que parecem piscinas que são para extração de sal, atividade que se faz na região desde a idade média. 


Em frente tem um forte do exército português, que parece um castelo, onde uma garotada estava a tocar tambores, mas sem ritmo algum,  descendo provei umas azeitonas direto da oliveira, que era brava, como havia nos explicado um senhor que trabalhava lá, o sabor era realmente bravo e me deixou a língua picando e roxa por horas. Dali subimos contornando o Guadiana que tem vistas incríveis, e vários castelos de ambos os lados, espanhol e português. 

 

A estrada vai serpenteando ao lado do rio onde se vê varias cidadelas medievais de ambos os lados, uma delas portuguesa, me foi especialmente simpática, Alcotim, pelo nome se deduz que era Moura, pois começa com "Al" e está a beira do Guadiana com um porto cheio de barcos ancorados à espera do verão. Um pouco antes, passamos por uma vila menor ainda em que umas pessoas idosas estavam sentadas à beira da estrada em afazeres de seus cotidianos, limpando frutas e legumes e um senhor tecendo redes.
Dali continuamos a subir o Guadiana até Mértola, a estrada ao chegar na cidade, tem um caminho de mão única, os carros tem de parar e esperar se vem algum outro na contra mão.


Mértola tem mais um belo castelo, que não podia subir, somente até sua porta que dava uma bela visão da cidade e em seus arredores ao lado, há ruínas romanas com mosaicos muito antigos, inclusive um de São Jorge, lutando contra uma quimera de duas cabeças com sua lança, considerado um dos mais antigos que há.
Ficamos na dúvida de ficar por alí ou não, mas com a cidade oferecia poucos atrativos além destes arqueológicos, resolvemos partir para Évora. Essa foi uma grande rodada, pois as cidades são distantes, no caminho havia Beja, que gostaríamos de visitar, mas achamos melhor ir direto, anoiteceu na estrada, precisamos pedir informação em um posto de gasolina, que lá funciona sem frentistas, você que abastece, com a crise que estão passando e a falta de  postos de trabalho, penso que esta não é uma boa ideia, pois os donos dos postos não estão sentindo muito a crise, obviamente, e cortando funcionários ganham mais, mas isto é outra história; a garota do caixa que nos deu a informação para Évora, foi muito simpática, e ao agradecermos ela comentou: Vá que te mando para o Marrocos! Humor sarcástico, mas tudo bem, acertamos o caminho e chegamos em Évora cansados, à noite e a cidade é maior do que as outras que até então tínhamos estado.

Um comentário:

  1. Olá viajantes! Me desliguei um pouco de vocês e... quanta coisa acumulada para ler! Bem, as fotos já escrutinei, e as que têm o mar são realmente a alma da coisa. A do barquinho na praia longa barrada pelas florzinhas vermelhas e pelo mar então... A viagem deve estar acabando, mas pelo jeito tem muito mais coisa pra ver. até, tania caliari

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